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Marco Antonio Mota - Sociólogo

80 anos da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo

Com as políticas desenvolvimentistas de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitsckek;  com a criação do Ministério do Trabalho, da Justiça do Trabalho, da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e de toda uma estrutura oficial voltada para a organização dos trabalhadores e seus sindicatos após 1930, foi proporcionado um rápido fortalecimento da classe trabalhadora no Brasil. 

A Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Estado de São Paulo foi fundada em 1943 para fortalecer a organização da categoria metalúrgica.

Desde sua fundação, de forma permanente, a Federação sempre esteve presente nas lutas por mais e melhores condições de trabalho para os metalúrgicos, aumentando sua representação e atuando também em todos os momentos políticos e econômicos vividos pelo país. Sempre em defesa da Democracia e por uma sociedade mais justa e igualitária.

 Assim foi na luta e resistência contra a ditadura militar instaurada em 1964 com greves e manifestações que foram duramente reprimidas, os metalúrgicos do Estado de São Paulo foram às ruas ou paralisaram fábricas por melhores condições de trabalho e pela liberdade de expressão.

Com determinação e organização, foi a Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo que conseguiu, ainda em 1969, assinar sua primeira Convenção Coletiva de Trabalho com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a FIESP, garantindo a abertura de negociações e benefícios maiores para a categoria metalúrgica.

Também foram os metalúrgicos que, no final dos anos 70, abalaram as estruturas do governo militar e promoveram as grandes greves no ABC paulista que, rapidamente se espalharam por todo o país e que, apesar de duramente reprimidas, puxaram os movimentos sociais e demais setores que defendiam a volta da democracia que culminaram no grande movimento social pelas Diretas Já!

 Neste momento de sua História, a Federação que se iniciou com 5 sindicatos, já havia ampliado sua representação para 30 sindicatos filiados em todo o Estado de São Paulo.

A Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo apoiou de forma participativa todo o processo de Anistia política aos presos e exilados pelo Regime Militar. 

Nas ações foi às ruas reivindicar liberdade e justiça social, aumento salarial contra a carestia e reajustes permanentes diante do forte processo inflacionário no qual o país afundou durante a ditadura. 

Também esteve à frente das tentativas das grandes Greves Gerais convocadas no início dos anos 80 que demonstraram a força e organização dos trabalhadores e seus sindicatos em todo o país. 

Dessa forma, fomos a primeira categoria a conquistar as 44 horas semanais de trabalho, antes mesmo que esta importante vitória viesse a virar Lei na Constituição de 1988,  além de buscar maior fortalecimento da classe trabalhadora no retorno das Centrais Sindicais que haviam sido desarticuladas no Golpe de 1964.

Quando, finalmente, em 1988, o país se viu com uma nova Constituição democrática, estivemos lado a lado com aqueles que defenderam a liberdade sindical e a volta da normalidade política para o Brasil. 

Neste momento, nossa Federação já contava com 40 sindicatos filiados atuando no Estado de São Paulo, se fortalecendo cada vez mais na representação dos metalúrgicos e com nossa Convenção Coletiva de Trabalho para a categoria com mais de 50 cláusulas que garantiam à categoria benefícios e direitos cada vez maiores.

Da estabilização econômica nos anos 90, passando por duas eleições de um Presidente da República metalúrgico nos anos 2000, a Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo esteve presente em todos os momentos de relevância política no país, sem nunca esquecer seu principal papel na defesa incondicional da classe trabalhadora. 

 Ainda que todo o movimento sindical tenha sido alvo de fortes ataques desde a última Reforma Trabalhista em 2017, hoje ela ainda é, reconhecidamente, uma das entidades mais fortes e estruturadas do país. 

Momentos difíceis para o sindicalismo e para os trabalhadores nunca foram novidade.

Ainda assim, todos os anos o trabalho de nossos sindicatos injeta milhões de reais na economia do Estado através das conquistas de Participações nos Lucros e Resultados das empresas para os trabalhadores e jamais abrimos mão de nosso poder de negociação buscando benefícios para a categoria com os setores patronais.

Nada, nunca em nossos 80 anos de História foi conquistado sem lutas, sem mobilização, organização e muito trabalho em conjunto com nossos 54 sindicatos filiados espalhados por todo o território do Estado de São Paulo, protegendo os trabalhadores metalúrgicos no seu cotidiano nas fábricas e fora delas com uma Convenção Coletiva com  100 cláusulas que garantem qualidade no trabalho e o exercício da Cidadania aos mais de 600 mil trabalhadores e trabalhadoras, além de suas famílias, distribuídos em nossas bases territoriais.

Assim, que venha o futuro! 

Conscientes dos enormes desafios atuais e aos que estão por vir, estamos preparados para darmos continuidade em nossa gloriosa História de defesa e conquistas para a  categoria metalúrgica do Estado de São Paulo.

O Reino dos Absurdos


O modelo econômico ultra liberal proposto pelo governo e que tem sido colocado em prática de forma bastante irresponsável, traz consigo diversas contradições muito perigosas. Em um país como o Brasil com sua história de diversidades e de imensa desigualdade econômica entre as classes sociais, o papel de um Estado que garanta o mínimo de seguridade social para toda sua população e mesmo para o desenvolvimento econômico é fundamental.
Reformas em todas as áreas são necessárias. Não há como negar tal fato. Mas Reformas feitas sem maiores discussões com todos os setores sociais ou carregadas de questões ideológicas radicais, basicamente no que tange ao desmonte da máquina estatal em suas responsabilidades sociais, certamente trarão prejuízos para a qualidade de vida de nosso povo imensuráveis a médio e longo prazo.
A ideia selvagem de uma economia ultra liberal que busca privatizar e reduzir o tamanho e o papel do Estado irá desigualar ainda mais as possibilidades de aumentar o bem estar da população brasileira. Tem sido assim por todo o mundo, por qual motivo seria diferente aqui? Os exemplos da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista (as únicas até o momento que já possuem linhas claras).
A primeira,  ao penalizar apenas os trabalhadores “celetistas”, possui um futuro claro e intrínseco de criação de mais e mais miséria na chamada Terceira Idade. Sim, as pessoas estão vivendo mais e, na teoria, poderiam trabalhar mais e contribuir mais para a Previdência Social.  No entanto, com a clara intenção de destruir o modelo de relações de trabalho formal no Brasil, a Reforma Trabalhista compromete totalmente a possibilidade de uma aposentadoria digna. As contradições apontam para uma velhice cada vez mais desamparada e miserável aos trabalhadores. 
Defensores do atual modelo argumentam que a  privatização da Previdência e de outros setores fundamentais será a solução mágica que o sistema propõe ao problema. Enganam-se e enganam aos outros. Quantos trabalhadores terão condições de comprar e manter um produto do sistema financeiro para acumularem o suficiente na busca de uma velhice com qualidade de vida? Não creio que é preciso fazer muitas contas para sabermos que isso não vai dar certo. Com uma renda cada vez menor, como poderiam aqueles que trabalham garantir sua poupança pensando em aposentadoria? 
A segunda Reforma, a Trabalhista, com seu forte apelo de modernização das relações entre capital e trabalho, chega a ser patética em um país que ainda traz números alarmantes sobre trabalho escravo e suas situações análogas (trabalho infantil, doméstico, informal etc). Qualquer pessoa que já sentou para negociar seja lá o que for com seu patrão sabe bem que estará em total desigualdade de condições (particularmente em um momento econômico de depressão, altíssimo desemprego e sem mais poder contar com sua entidade de classe na medida em que a Reforma Trabalhista traz consigo a destruição de negociações coletivas, priorizando em todos os sentidos negociações individuais).
Em toda esta discussão, parece de fato que o “Deus” Mercado, tão cultuado nos últimos anos, pouco tem se importado com a liturgia do próprio sistema capitalista. Vários estudos demonstram que a concentração de riqueza no Brasil e em todo o mundo tem sido o único resultado da mentira de um Estado Mínimo, da livre negociação e até mesmo da livre concorrência. A lógica é quase simplista: miseráveis não consomem, empregados mal remunerados não consomem, desempregados não consomem e assim vai. Como é possível manter o sistema sem consumo? 
Parece mesmo que a exclusão social é o futuro e o colapso deste exacerbado liberalismo econômico. Resta-nos saber até quando o tecido da sociedade irá resistir.  Até quando o aumento da miséria e da violência causada pela mesma será combatida com muros altos, repressão policial e balas de fuzis? Que tipo de sociedade se pretende criar com tantas mazelas educacionais ou na área de saúde? Longe de mim imaginar que respostas para tudo isso são possíveis no curto prazo. Mais longe ainda, imaginar que o atual governo tenha qualquer sensibilidade ou capacidade para tais questões. Nos dias de hoje, os que estão no poder entendem que a barbárie deve ser combatida com a barbárie.
Aliás, de barbárie em barbárie, de truculência em truculência, vamos caminhando a passos largos para um desastre social de proporções ainda ignoradas (mas já sentidas).  O Reino dos Absurdos ainda terá fôlego na promoção desmedida do “salve-se quem puder”. Cabe àqueles que possuem um mínimo de consciência , sejam eles de qualquer classe social existente, entenderem de fato que o caminho trilhado até o momento irá nos levar ao caos social e ao assassinato do pensamento para um bem estar coletivo. Caso contrário, responderemos pelo crime de omissão.
Marco Antonio Mota  - Sociologo

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